Novembro, 2023 - Cercado por diversos mitos, o processo de criação de um medicamento, desde o início dos estudos, até chegar nas prateleiras das farmácias, passa por um longo e rigoroso procedimento de validação. Questionamentos como - será que esse remédio faz mal? O mais barato funciona? Quais são os efeitos colaterais? – fazem parte do trabalho diário de um farmacovigilante, profissional responsável por cuidar da segurança dos medicamentos. O objetivo é sempre buscar alternativas e soluções a fim de melhorar a qualidade de vida de quem convive com uma doença crônica, como diabetes, obesidade, entre outras.
No entanto, esse trabalho, muitas vezes, pode ser corrompido por
fake news ou informações sem embasamento, que podem fazer com que as
pessoas deixem de se medicar ou se automediquem. Laura Orlando,
gerente de qualidade, farmacovigilância e atendimento ao cliente da
Novo Nordisk, explica que, dentro da indústria, existe um processo
super rígido por meio do qual são coletadas evidências técnicas para
seguirem todos os padrões que a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) e as autoridades correlatas exigem em cada
país.
“Temos um dossiê que é preparado para cada medicamento, contendo
todas as informações presentes na bula. É nesse documento que temos
fatos, números e dados científicos que comprovam o quê está sendo
informado. Temos a preocupação, junto com a autoridade sanitária, de
colocar tudo em evidências técnicas, que corroboram e comprovam o
risco e o benefício do medicamento”, explica.
A especialista conta que é comum que pessoas se coloquem em risco
por interromperem tratamentos contínuos por ouvirem informações
erradas, deixando, assim, de tratar a doença. Outro ponto de atenção
está relacionado aos usuários que optam por medicamentos vendidos fora
de estabelecimentos seguros, e muitas vezes podem ser enganados pelo
preço mais “atrativo”. “A partir do momento em que você compra um
medicamento que não sabe a origem, está correndo o risco de adquirir
um produto que não foi produzido e armazenado corretamente ou não
estava em temperatura adequada e, com isso, a eficácia pode ser
comprometida. Qualquer fármaco que não passe por um processo de
fiscalização é irregular e pode ocasionar uma série de efeitos danosos
para a saúde.”
Laura ainda afirma que existe uma regulamentação específica para o
preço dos medicamentos, usado muitas vezes como isca para vendas
ilegais. “Assim como os pontos de vendas, que devem ser
regulamentados, os preços dos medicamentos também são. A Câmara de
Regulação de Mercado do Medicamento (CMED) é o órgão responsável por
definir o preço dos medicamentos do Brasil. Infelizmente, assim como
as falsificações de produtos como, roupas, acessórios, entre outros, o
mesmo ocorre com os medicamentos. Dessa forma, caso a pessoa perceba
que o valor está diferente do encontrado nos pontos de vendas
oficiais, deve desconfiar”.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de
50% dos medicamentos de cadeia fria chegam danificados aos pacientes
por causa de falhas na cadeia de distribuição, de armazenamento e de
condições de dispensação.
O processo de registro de um medicamento envolve a submissão para a
autoridade sanitária de documentações complexas com a comprovação
técnica e científica dos riscos e benefícios do medicamento, somente
após a aprovação do registro é possível a comercialização.
Para os especialistas, a regra é clara – se o produto não está
aprovado pela Anvisa, significa que não foi assegurado pela autoridade
responsável para ser comercializado no Brasil. Além disso, é
importante que, além de ler a bula, o paciente busque orientações de
um profissional de saúde ou de um farmacêutico e não se
automedique.
É comum que as pessoas estejam habituadas a tomar o remédio ‘à sua
própria maneira’, ou deixem de se medicar por algum tipo de fake news,
ou efeito colateral, e isso é extremamente perigoso.
Por fim, é importante que, durante todo o processo de utilização, o
paciente reporte informações de segurança para um profissional da área
da saúde – seja um efeito colateral, apresentação divergente, etc. –
ou eventuais dúvidas sobre a utilização do medicamento.