Novembro, 2023 - Apesar dos enormes avanços da medicina nos últimos tempos, existem certas doenças que continuam a intrigar médicos, cientistas e pesquisadores, devido ao seu caráter pouco conclusivo - não se sabe o gatilho para o aparecimento e não se sabe a cura. É o caso da Doença de Alzheimer.
Caracterizada pela degeneração de células do cérebro, comprometendo a memória e a outras funções mentais importantes, a Doença de Alzheimer representa um grande desafio, tanto para o paciente quanto para familiares, cuidadores e profissionais da saúde, por ser progressiva e, em etapas mais avançadas, incapacitante.
Ela se manifesta quando ocorre um acúmulo de algumas proteínas, como a beta amilóide, no cérebro. Devido a esse acúmulo indevido, surgem fragmentos tóxicos, que se instalam dentro dos neurônios e nos espaços existentes entre eles. Assim, pouco a pouco, os neurônios vão deixando de funcionar. Como consequência, a linguagem, memória, reação a estímulos externos e até mesmo a capacidade de pensamento abstrato são severamente afetados.
Ainda que seja desconhecida, sabe-se que sua causa pode estar atrelada a um ou mais fatores de risco não modificáveis, que são:
Idade: este é o principal fator de risco não modificável para Alzheimer, especialmente após os 65 anos.
Histórico familiar e gênero: mulheres e pessoas com histórico familiar da doença também estão em maior risco. Se os pais ou irmãos desenvolverem Alzheimer, há uma maior probabilidade da pessoa também desenvolver a doença.
Genética: já foram identificadas diversas variações genéticas que aumentam as chances de desenvolver Alzheimer, como é o caso do gene APOE-e4, o mais comum associado à doença. No entanto, apenas cerca de 10% dos casos têm uma forte ligação genética, geralmente manifestando-se antes dessa faixa etária.
Comprometimento Cognitivo Leve (CCL): desenvolver DCL, uma forma mais branda da demência, aumenta o risco de desenvolver Alzheimer.
Doença cardiovascular: fatores que ocasionam doenças do coração podem ter relação com um aumento na chance de desenvolver Alzheimer, incluindo tabagismo, obesidade, diabetes, colesterol alto e hipertensão depois dos 50 anos.
Educação formal: estudos sugerem que pessoas menos escolarizadas possuem maior probabilidade de desenvolver a doença
Traumatismo craniano: uma pancada de gravidade média ou alta aumenta a chance do surgimento da doença de Alzheimer.
Há outros fatores de risco, mas que podem ser controlados, como: hipertensão, diabetes, obesidade, consumo excessivo de álcool, tabagismo, depressão, inatividade física, surdez, poluição atmosférica e isolamento social. Muitos destes são moldados pelo nosso estilo de vida, ambiente e manejo de doenças crônicas. A boa notícia é que eles podem ser evitados.
Embora ainda não haja cura, existem tratamentos que aliviam os sintomas. Além de medicamentos, terapias como musicoterapia, psicoterapia e fisioterapia demonstram resultados promissores. Atividades como leitura, palavras cruzadas e exercícios físicos também são recomendadas para retardar ou amenizar a evolução da doença. Em caso de dúvidas ou indícios de sintomas, vale procurar ajuda e consultar um médico.
Referências: Governo Federal - Alzheimer, disponível em https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/alzheimer, acessado em 14/10/2023.
Associação do Alzheimer - Demência Alzheimer, disponível em https://www.alz.org/br/dementia-alzheimers-en.asp, acessado em 14/10/2023.
Livingston G, Huntley J. Sommerlad A, et al. Dementia prevention, intervention, and care: 2020 report of the Lancet Commission. The Lancet 2020.
Associação Brasileira de Alzheimer - Mês Mundial da Doença de Alzheimer, disponível em https://abraz.org.br/2020/2020/08/28/mes-mundial-da-doenca-de-alzheimer-2020/, acessado em 14/10/2023.